Data do post: 19/01/2018 - 20:53
OAB quer criar ‘força-tarefa’ devido denúncias contra colégios da PM em Manaus
A Comissão do Direito da Educação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM) pretende criar uma força-tarefa para fiscalizar e apurar uma série de denúncias referentes aos colégios militares da PolÃcia Militar (CMPMs) de Manaus por afrontarem a decisão judicial que suspendeu, no fim do ano passado, a cobrança de taxas dentro das escolas.
Foto: Divulgação.
Conforme denúncias de pais de alunos, as cobranças vão desde a apresentação de exames como o de tipagem sanguÃnea até lista de material escolar e livros didáticos, cujos valores chegam a R$ 4 mil.
O advogado Rodrigo Melo, presidente da comissão, confirmou que tem recebido inúmeras denúncias de pais e que estranha o descumprimento da decisão judicial. “Estamos conversando para criar essa força-tarefa com vários órgãos, como Ministério Público e Procon, para apurar e fiscalizar essas denúncias in locoâ€, afirmou Melo.
“Acreditamos que elas sejam verdadeiras porque não foi só uma, mas recebemos mais de 40 denúncias e elas têm aumentado nesse perÃodo em que as matrÃculas estão sendo feitas. O que é mais estranho é que o princÃpio das escolas militares é a disciplina, mas eles não conseguem cumprir uma decisão da Justiçaâ€, criticou o advogado.
De acordo com os pais de alunos, além das cobranças de fardamentos e taxas de material escolar e livros didáticos, os CMPMs também estariam condicionando a matrÃcula do aluno à entrega de exames como tipagem sanguÃnea.
Uma mãe denunciou que no CMPM Evandro das Neves, no conjunto Viver Melhor, no bairro Lago Azul, na Zona Norte, a direção chegou a implantar um posto de coleta sangue na unidade para “facilitar†para os pais. “Eu não precisei pagar porque, por sorte, eu já tinha o da minha filha. Mas muitos pais tiveram que pagar R$ 20 para fazer o exameâ€, contou ela, que preferiu não ser identificada.
Sem condicionantes
Apesar da exigência do CMPM, a Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino (SEDUC) esclareceu que o exame de tipagem sanguÃnea não é impeditivo para a matrÃcula na rede pública. Caso o pai ou responsável não tenha o exame, a escola dará um prazo para que seja entregue. A secretaria também informou que não existe orientação para que a escola indique clÃnicas ou laboratórios para realizarem tais exames.
“A gente orienta que esses pais também procurem o Ministério Público do Estado para reforçar essas denúncias e ajudar a promotoria a tomar providências. O Procon também precisa se atentar esta demanda porque nunca se imaginou que uma escola pública poderia cobrar taxas dos alunosâ€, ressaltou o presidente da comissão de Educação da OAB.
Exame pode ser feito na rede pública
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informou que os exames de tipagem sanguÃnea exigidos no ato das matrÃculas podem ser feitos em qualquer laboratório conveniado com o Sistema Único de Saúde (SUS) mediante a apresentação de uma requisição médica ou encaminhamento, conforme o protocolo do Ministério da Saúde (MS).
A Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHemoam) também realiza o exame, desde que seja apresentada uma solicitação médica. Ou seja, é preciso, primeiro, marcar uma consulta médica. A exigência, ressalta-se, é do Ministério da Saúde e vale para toda a rede pública.
Já a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que não condiciona a rematrÃcula ou matrÃcula de novos alunos, na rede municipal de ensino, à apresentação de qualquer tipo de exame médico, salvo os casos de alunos da Educação Especial, onde é necessária a apresentação de laudo médico comprovando a deficiência fÃsica, mental e/ou intelectual informada no momento do cadastro.
MP acompanhando
Espia aqui também