Data do post: 22/03/2018 - 09:13
Comandante do Exército diz que crime organizado é a 'maior ameaça à soberania nacional'
O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, afirmou em entrevista ao programa do jornalista Roberto D'Ãvila, na GloboNews, que vê no crime organizado a "maior ameaça à soberania nacional". Ele disse ainda que o tráfico de drogas está na base da violência no paÃs e que a integração entre os estados é "fundamental" no combate ao crime.
Villas Bôas está à frente do Exército desde 2015. Com a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro e a utilização de homens das Forças Armadas na segurança do estado, o general passou a figurar com mais frequência no noticiário e a ocupar um espaço central no debate sobre criminalidade e violência.
Na entrevista, ele foi questionado por Roberto D'Ãvila se o crime organizado era uma das grandes preocupações para o paÃs."Acredito que vem daà a maior ameaça à soberania nacional", respondeu Villas Bôas.
"A questão do crime organizado, e tendo a droga como pano de fundo, como base para o que está acontecendo, tanto do ponto de vista da deterioração de valores - uma verdadeira metástese silenciosa que está corroendo a nossa juventude - , quanto como causador da violência. A PolÃcia Federal estima que aproximadamente 80% da violência urbana esteja ligada direta ou indiretamente à questão da droga", completou o general.
Villas Bôas afirmou que o crime organizado hoje é "transnacional", o que exige, segundo ele, uma abordagem "ampla e sistêmica" nas polÃticas de segurança.
"A integração no combate ao crime organizado é fundamental. Porque o crime se transnacionalizou. E nós temos as nossas estruturas contidas nos espaços dos estados da federação. Nós temos que ir além, tem que haver uma integração no âmbito nacional, não só a integração geográfica, mas integração dos setores de atuação, como também tem que haver uma integração internacional também", disse.
Questionado se era favorável a uma discussão sobre legalização de algumas drogas, o general respondeu que esse é um "debate fundamental", porque a situação não se resolverá com soluções "simplistas".
"Isso tem que ser tratado de forma cientÃfica, com abordagem bastante ampla, porque são vários os aspectos a serem contemplados. Tem o aspecto da segurança, mas sobretudo tem o aspecto, a questão da educação, a questão da saúde, a prevenção, enfim, várias questões", disse Villas Bôa.
Intervenção no Rio de Janeiro
Outro tema da entrevista foi a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, completou um mês na última semana.
Para Villas Bôas, o resultado desse tipo de ação "exige tempo para surtir efeito". Segundo ele, a violência no Rio decorre de décadas em que partes significativas da população não tiveram necessidades básicas atendidas. "Isso tudo vai se represando e transborda sob forma de violência. Então é um problema com raÃzes muito profundas", afirmou.
Villas Bôas voltou a frisar, como tem feito em declarações nos últimos meses, que o emprego de homens das Forças Armadas na segurança pública deve ser uma ação de prazo determinado, senão os "efeitos deixam de ser positivos".
De acordo com o general, o papel das Forças Armadas nesses casos não é resolver os conflitos sociais, mas garantir a estabilidade e a segurança para que "outros vetores de atuação do estado e do governo" possam atuar.
Ele deu como exemplo o perÃodo que o Exército passou na favela da Maré.
"Nós, por exemplo, passamos 14 meses na favela da Maré. Houve perÃodos em que nem mesmo o lixo era recolhido. Então aquele caldo, aquele ambiente social extremamente prejudicial não se alterou. Em consequência, uma semana depois de termos saÃdo, voltou ao status anterior", disse Villas Bôas.
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