Respirar ar de SP por 2 horas no trânsito equivale a fumar um cigarro







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Data do post: 05/12/2017 - 06:29

Respirar ar de SP por 2 horas no trânsito equivale a fumar um cigarro

Annabella Andrade, vive perto do Minhocão, percebe a fuligem nos objetos e usa máscara para pedalar Foto: Gabriela Biló/Estadão




Ao longo de 30 anos na capital, o pulmão dessa pessoa pode ficar igual ao de um fumante leve (que consome menos de dez cigarros por dia). A poluição do ar em SP é duas vezes superior ao limite da OMS (Organização Mundial de Saúde).

É o que revelam dados preliminares de uma pesquisa inédita que busca comparar a exposição do paulistano durante sua vida à poluição do ar com os impactos do cigarro. O trabalho, liderado pelo médico patologista Paulo Saldiva, analisa corpos que foram levados ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) e mede a quantidade de carbono no pulmão, ao mesmo tempo em que investiga a vida do paciente.

“Antigamente, quando em uma necropsia a gente via um pulmão cheio de carbono, preto, o mais provável é que se trataria de um fumante. Hoje não dá para dizer isso. E o que esse estudo está mostrando é o quanto respirar o ar de São Paulo é equivalente a fumar e tem impacto cumulativo”, explica a bióloga Mariana Veras, do Laboratório de Poluição do Ar da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

“Um motorista de caminhão ou um guarda de trânsito vai ter um quadro diferente de quem só se expõe de casa ao trabalho e passa o dia inteiro no ar condicionado com janela fechada. Estamos buscando a correlação entre a quantidade de preto no pulmão, o padrão de vida e o tempo em transporte”, diz Mariana.

Pelo menos 2 mil pulmões já foram avaliados e cerca de 350 selecionados para compor o estudo. Os dados devem ser concluídos nas próximas semanas, mas foram antecipados em razão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que começou nesta segunda-feira, 4, e vai até esta terça-feira, 6, e tem como tema a luta antipoluição. 

Segundo a ONU Meio Ambiente e a Organização Mundial de Saúde, cerca de 7 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência de poluição do ar (e metade é interna, como a de fogões a lenha e aquecimentos caseiros a carvão). Segundo as organizações, mais de 80% das cidades têm níveis de poluição acima dos recomendáveis.

“A poluição é o problema que está mais perto das pessoas. Elas sentem, respiram, é imediato. É mais provável ter impacto sobre a vida das pessoas enquanto andam ou fazem compras do que as mudanças climáticas. É uma das coisas que mais matam hoje no mundo”, afirmou ao Estado Erik Solheim, diretor executivo da ONU Meio Ambiente, durante a Conferência do Clima da ONU, em Bonn, na Alemanha, em novembro.

Não é de hoje que poluição afeta a rotina dos moradores. A gestora ambiental Annabella Andrade, de 50 anos, pedala todos os dias até o trabalho, mas, quando o tempo está seco, usa máscara como as de hospitais para se proteger da fuligem. “Dependendo do lugar, ainda coloco lenço por cima”, diz ela, que mora perto do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, e trabalha na Avenida Paulista, ambos na região central.


Veja o que a poluição causa (fonte:  Mariana Veras, Laboratório de Poluição do Ar da USP):

  • Deficiência de vitamina - A luz do Sol não passa a camada de poluição e não chega como deveria;
  • Cérebro - Acelera a progressão de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson;
  • Pulmão de fumante - Ficar duas horas por dia no trânsito respirando o ar de São Paulo equivale a ser um fumante leve. Além de piorar doenças respiratórias e cardiovasculares;
  • Obesidade- Concentração média de material particulado (MP) da cidade afeta o controle neuroendócrino da fome, em especial o hormônio que controla a saciedade, a leptina, além de diminuir o metabolismo. Em animais, estudo mostrou que eles não ficam saciados e comem mais, engordando. Suspeita-se que o mesmo ocorre com humanos;
  • Gravidez- Aumenta risco de nascimento de bebês com baixo peso e prematuros.

Fonte: O Estado de São Paulo



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