Data do post: 04/12/2017 - 06:12
Você sabe o que é a raiva humana?
O que é a raiva humana
É uma grave doença infecciosa causada pelo vÃrus do gênero Lyssavirus, da famÃlia Rhabdoviridae, que leva ao óbito praticamente 100% dos pacientes contaminados. A raiva é uma doença transmitida somente por animais mamÃferos contaminados, geralmente através da mordida, arranhadura, lambedura e inoculação do vÃrus presente na saliva dentro da pele.
Aquele antigo hábito de oferecer feridas para cães lamberem, além de facilitar a infecção bacteriana da lesão, pode também ser uma fonte de contaminação de raiva.
O vÃrus da raiva tem atração pelas células do sistema nervoso, invadindo imediatamente os nervos periféricos após ser inoculado através da pele. Quando nos nervos, o vÃrus passa a se mover lentamente, em direção ao sistema nervoso central. Ao chegar no cérebro, o vÃrus causa a encefalite rábica, que leva os pacientes à morte.
Na maioria dos casos, a transmissão ocorre através de cães ou morcegos. Porém, vários outros mamÃferos podem transmitir a doença, entre eles: Furão (ferrets); Raposas; Coiotes; Guaxinins; Gambás; Gatos; Macacos. MamÃferos não carnÃvoros, como porco, vaca, cabra, cavalo, etc., também estão associados a casos de raiva, mas estes são mais raros.
Roedores pequenos, como esquilos, ratos, coelhos, porquinho-da-Ãndia e hamsters não são transmissores usuais de raiva, não havendo na literatura médica relatos de casos de raiva humana transmitidos por eles. Animais não mamÃferos, como lagartos, peixes e pássaros NUNCA transmitem raiva.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no perÃodo de 1990 a 2009, foram registrados no Brasil 574 casos de raiva humana, nos quais, até 2003, a principal espécie transmissora foi o cão. A partir de 2004, porém, o morcego passou a ser a principal fonte de transmissão de raiva no Brasil.
Não existe transmissão entre seres humanos, não havendo nenhum risco para familiares ou para a equipe médica que cuida dos pacientes.
O contato com a pele Ãntegra não oferece risco, mesmo que o animal a lamba. Do mesmo modo, tocar em animais contaminados, como fazer carinho em cães ou apenas encostar a mão em um morcego, também não oferece risco de contaminação. O vÃrus só está presente para transmissão na saliva, não havendo risco de contaminação quando há contato com sangue, fezes ou urina de animais infectados.
Sintomas da raiva humana
O vÃrus da raiva tem atração pelo sistema nervoso central, alojando-se frequentemente no cérebro.
A encefalite, inflamação do encéfalo, é o resultado final da instalação e multiplicação do vÃrus no sistema nervoso central. Os sintomas da raiva são todos decorrentes deste acometimento do cérebro. São eles:
– Confusão mental.
– Desorientação.
– Agressividade.
– Alucinações.
– Dificuldade de deglutir.
– Paralisia motora.
– Espasmos musculares.
– Salivação excessiva.
Uma vez iniciados os sintomas neurológicos, o paciente evolui para o óbito em 99,99% dos casos.
A evolução da raiva pode ser dividida em 4 partes:
1) Incubação – O vÃrus se propaga pelos nervos periféricos lentamente. Desde a mordida até o aparecimento dos sintomas neurológicos costuma haver um intervalo de 1 a 3 meses. Mordidas na face ou nas mãos são mais perigosas e apresentam um tempo de incubação mais curto.
2) Pródromos – São os sintomas não especÃficos que ocorrem antes da encefalite. Em geral, é constituÃdo por dor de cabeça, mal-estar, febre baixa, dor de garganta e vômitos. Podem haver também dormência, dor e comichão no local da mordida ou arranhadura.
3) Encefalite – É o quadro de inflamação do sistema nervoso central já descrito anteriormente.
4) Coma e óbito – Ocorrem em média 2 semanas após o inÃcio dos sintomas.
Tratamento da raiva
Uma vez que o paciente tenha desenvolvido os sintomas da raiva, já não há tratamento eficaz. A taxa de mortalidade é de praticamente 100%. Existem relatos de 2 pacientes que sobreviveram à raiva após o uso das drogas antivirais ribavirina e amantadina (chamado protocolo Milwaukee). Esse tratamento, porém, foi testado em vários outros pacientes com sintomas raiva e foi ineficaz.
Felizmente, há vacina e tratamento profilático com imunoglobulinas (anticorpos), que são altamente eficazes e impedem o desenvolvimento da raiva, se administrados em tempo hábil.
Cuidados iniciais
Em caso de mordida por qualquer mamÃfero, devemos lavar bem a ferida com água e sabão para evitar a contaminação pelas bactérias presentes na saliva dos animais. Depois, o paciente deve procurar um centro médico. É importante também vacinar o paciente contra o tétano, caso a última vacinação tenha mais de 10 anos.
Se o animal for doméstico é importante obter a caderneta de vacinação do mesmo, atestando sua imunização contra a raiva. Animais devidamente vacinados não são fontes de transmissão da raiva.
Em cães, gatos e furões, o tempo máximo de evolução da doença, desde o aparecimento do vÃrus na saliva até a morte, é de apenas 10 dias. Quando alguém é mordido ou arranhado por um destes animais, indica-se a observação do mesmo por até 10 dias.
Se o animal for um cão de rua, como um morcego ou raposa, é importante capturá-lo para que ele possa ser analisado por um veterinário. Se a captura do animal não for viável, o tratamento profilático deve ser indicado, partindo do princÃpio que este esteja contaminado com o vÃrus da raiva. Portanto, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possÃvel.
Mordidas na cabeça ou no pescoço são bem mais graves por estarem próximas do cérebro. Mãos e pés também são perigosos pois são áreas com muita inervação, facilitando a chegada do vÃrus aos nervos periféricos.
Não se baseie apenas na aparência do animal para definir se este tem ou não raiva. Uma vez mordido, procure um posto de saúde para receber as orientações.
Para saber mais detalhes técnicos sobre a vacinação contra raiva, acesse as normas técnicas de profilaxia da raiva humana do Ministério da Saúde:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/normas_tecnicas_profilaxia_raiva.pdf
Morcegos e raiva
Morcegos são animais habitualmente infectados pela raiva. Nos EUA nos últimos 15 anos, mais de 90% dos casos de raiva foram causados por mordidas de morcego.
O grande problema é que a mordida pode passar despercebida, principalmente enquanto a vÃtima dorme. Por isso, é indicada procurar um médico para todos aqueles que acordam e encontram um morcego em seu quarto, mesmo não havendo sinais de mordida ou arranhadura. Como a raiva é muito letal, na dúvida, deve-se sempre assumir que a mordida aconteceu.
Fonte: M.D. Saúde
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