Data do post: 01/12/2017 - 11:46
Mulher encontrada com filha após 10 anos presa em porão na Itália
Uma romena de 29 anos foi encontrada pela polÃcia trancada a chave em um porão, sem água, luz elétrica ou sistema de esgoto, em Gizzeria, na Calábria. Ela estava com a filha de três anos.
"Quando os agentes entraram, a jovem estava sentada no chão, com uma criança no colo, completamente no escuro, em meio a excrementos, insetos e ratos. Uma situação macabra, difÃcil de descrever", disse o capitão Pietro Tribuzio, comandante da PolÃcia Militar da cidade de Lamezia Terme, no sul do paÃs.
O caso foi descoberto por acaso. Durante uma blitz de rotina, realizada no dia 9 de novembro, os policias de Gizzeria, municÃpio calabrês com menos de 5 mil habitantes, pararam Aloisio Francesco Rosario Giordano, de 52 anos, por dirigir em alta velocidade.
"Além das péssimas condições do automóvel, os policiais notaram uma criança dormindo no banco traseiro. A grande diferença de idade entre o homem e o menino de nove anos, que ele disse ser seu filho, o comportamento reticente e as respostas evasivas que fornecia suscitaram a suspeita dos agentes", contou Tribuzio.
Foto: Divulgação
Os policiaisdecidiram segui-lo até a sua residência. O homem teria dito que a mulher e a filha deles de três anos não estavam em casa naquele momento. Os policiais então notaram a porta de um galpão trancada com corrente e cadeado, e ordenaram ao homem que a abrisse.
Giordano escondia a chave dentro de seu carro. Ao abrirem a porta, os agentes encontraram um porão, com dezenas de objetos acumulados, restos de comida, latas com excrementos e um colchão no chão, onde a jovem dormia com os filhos.
Inicialmente a mulher teria afirmado viver naquelas condições de comum acordo com Giordano - e acabou transferida, com as duas crianças, para um hotel da cidade. Mas dias depois, após receber assistência psicológica, a vÃtima começou a relatar a violência a que teria sido submetida por dez anos.
Os detalhes do perÃodo de cativeiro surpreendem pela crueldade do sequestrador. Entre outras agressões fÃsicas, a jovem contou ter recebido vários golpes na cabeça e cortes no órgão genital, e que os ferimentos eram costurados pelo homem com linhas de náilon, utilizadas para pesca. A mulher teria dito ainda que os filhos também eram vÃtimas de agressões fÃsicas, e que Giordano obrigava as crianças a insultar e a cuspir na própria mãe.
"As duas crianças nasceram no hospital de Catanzaro", disse o comandante da polÃcia. Depois do parto, a mulher teria sido impedida pelo sequestrador de voltar ao médico, e os pontos teriam sido retirados por ele mesmo, com uma pinça. "O terreno onde o sequestrador mantinha a vÃtima e os filhos, herdado da mãe, era isolado e de difÃcil acesso, e isso o ajudou a mantê-la escondida por tanto tempo."
"Para não levantar suspeitas, quando os professores começavam a perguntar pela mãe do aluno, Giordano transferia o filho de nove anos de escola", contou Tribuzio.
Após o relato da vÃtima, o italiano foi preso. Esta é a segunda vez que Giordano é acusado formalmente de violência contra mulheres. Em 1995, ele foi condenado a cinco anos de prisão por sequestro, violência sexual e lesões corporais contra uma jovem de 23 anos.
Durante o processo, essa jovem contou ter sofrido dois abortos provocados pelo agressor e que era submetida a violência fÃsica, inclusive na presença da mulher de Giordano, uma cidadã marroquina com a qual o homem tem dois filhos.
A romena recém-libertada do cativeiro chegou à Itália em maio de 2007, quando tinha 19 anos, em busca de trabalho e de uma vida melhor. Meses depois teria sido contratada por Giordano para cuidar de sua mãe doente - mas a mulher era, na verdade, sua esposa.
Aos policiais, a jovem contou que o percurso entre as cidades de Lamezia Terme, onde vivia, e Falerna (onde Giordano morava com a mulher) foi a última viagem serena da sua vida.
"Sem saber, eu estava indo de encontro com aquilo que se revelou um inferno", disse ela aos agentes.
Em sua defesa, o italiano afirmou que a jovem era livre para ir onde quisesse. Ele disse ainda que os dois se amam, mas que o relacionamento estava em crise.
Foto: Divulgação. Cadeira e balde serviam como sanitário.
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